Alexandra Aparecida de Araújo Figueiredo, Nara Maria Fiel de Quevedo Sgarbi, Leidiani da Silva Reis (Orgs.)
No texto “Análise automática do discurso (AAD-69)”, Pêcheux define o discurso como “efeitos de sentidos” entre os pontos A e B e, dessa forma, considerando que cada ponto seja um interlocutor atravessado por diferentes formações ideológicas, é possível afirmar que os sentidos produzidos entre esses pontos sempre podem ser outros. É a partir dessa não estabilidade dos sentidos que a obra “Corporalidade, subjetividade e fronteira: materialidades discursivas” foi pensada, com o desafio de reunir diferentes materialidades, as quais se equiparam ao perceber as temáticas abordadas em todos os capítulos.
Os artigos que compõem a obra trazem a opacidade da língua e seu funcionamento entre a ideologia e a História, e produzem questões discursivas latentes as quais atravessam e inscrevem as subjetividades. Do mesmo modo, o corpo/sujeito/as fronteiras são afetados direta ou indiretamente pelos já ditos antes em algum lugar e são constituídos num batimento entre resistência e contradições. É por meio dessa contradição que o ritual ideológico falha e as resistências irrompem, permitindo os contrapontos e o espaço de outros dizeres.
Nesse sentido, os discursos acerca dos corpos/sujeitos e fronteiras estão sempre atrelados à determinada Formação Discursiva que tenta delimitar o que pode e deve ser dito sobre eles e, principalmente, como devem ser constituídos. Do mesmo modo, as fronteiras, tanto geográficas quanto imaginárias, separam esses corpos/sujeitos e, por conseguinte, buscam delimitar os sentidos sobre eles. Contudo, delimitar os sentidos tanto do e sobre os corpos/sujeitos e fronteiras é da ordem do impossível visto que é no embate entre as diferentes ordens discursivas que emergem outros efeitos sentidos.
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